A década era 1950. Um jovem com 20 poucos anos chega à região Noroeste em pleno desbravamento, com a missão de informar através das páginas dos jornais “O Regional”, de Nova Esperança; e logo após nas linhas do “Diário do Noroeste”, em Paranavaí, onde ainda produzia sua coluna diária. Esse homem – Francisco Carlos Soares – é nosso amigo. Chicão Soares nos deixou ontem.
Dono de uma escrita única, o jornalista Chicão Soares, com quem tive o privilégio de conviver diariamente na redação do DN durante os últimos 12 anos, tinha um amor pela profissão difícil de encontrar. A disciplina de produzir diariamente textos era uma de suas qualidades.
A história do jornalismo do Noroeste Paranaense se funde ao do jornalista Chicão Soares que, em 1960, fundou em Nova Esperança, com o então colega João Antônio Corrêa Junior, o jornal “O Regional”, que até hoje leva notícias à população daquela cidade e região.
Em suas histórias, o meu amigo falava do quanto era difícil o trabalho de jornalista, não haviam estradas pavimentadas. Uma viagem de Nova Esperança até o Porto São José, Distrito de São Pedro do Paraná, poderia durar dias, dependendo do clima. Vi algumas fotos dele dirigindo alguns Jeep Willy. Como ele dizia: “Só dava pra rodar de Jeep”.
Após alguns anos à frente do Jornal “O Regional”, o jornalista Chicão Soares, por convicções políticas, teve que deixar a cidade de Nova Esperança, buscando refúgio no interior do Estado de São Paulo.
Posteriormente, a convite do amigo e também jornalista Euclides Bogoni, retornou ao Paraná, para a cidade de Paranavaí, onde começou a trabalhar no Diário do Noroeste.
À frente das matérias regionais o jornalista Chicão Soares foi um desbravador. Durante muitos anos era a única fonte de informação direta com os municípios que estavam sendo criados. Dava uma atenção especial ao trabalho público desenvolvido pelos prefeitos.
Chicão não gostava de homenagens.
Certa vez, a Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense (Amunpar) aprontou uma com ele, e com a minha ajuda, foi feita uma homenagem a ele pelos serviços prestados a toda região Noroeste.
O resultado foi uma bronca distribuída, mas no fundo meu velho amigo se sentiu prestigiado pelos bons amigos. Foi o único título que meu amigo, nascido no interior de São Paulo, recebeu – o de Cidadão do Noroeste Paranaense. Ele rejeitava as indicações de títulos indicados por Câmaras Municipais.
Dono de uma memória invejável, tinha seu arquivo pessoal de fotografias, parte ainda em preto e branco, de onde retirava boas histórias contadas em sua coluna. Lembrava com detalhes os acontecimentos de décadas atrás, incluindo nomes completos.
A família era outra paixão. A esposa Marli, os filhos Carlos e Paulo e os netos eram, e sempre serão, os amores da vida dele. Meu amigo, a quem considero como meu mestre no jornalismo, vai deixar muitas saudades nos amigos que aqui ficam.
Até mais!!!