“As possibilidades humanas são fantásticas, mas elas são baseadas nas experiências e na história daqueles que nos antecederam. Preservar a memória é fundamental para qualquer comunidade. Não existe futuro para um povo que não preserva sua memória”, destacou o prefeito Rogério Lorenzetti no último domingo (5) durante a cerimônia de reabertura oficial do Museu Histórico, Antropológico e Etnográfico de Paranavaí. A cerimônia foi acompanhada por diversos membros da comunidade artística da cidade, além de visitantes com suas famílias e o vereador José Galvão, que representou a Câmara Municipal.
Em seu discurso, Lorenzetti lembrou que “antigamente, nas primeiras comunidades, a tradição era oral. As pessoas contavam histórias, elas se reuniam em volta de fogueiras e os mais velhos contavam o que tinha acontecido, preservando a cultura daquela comunidade. A partir da invenção da prensa, a história passou a ser impressa e tudo ficou muito mais simples, porque o conhecimento podia ser reproduzido. Com isso, quando a pessoa morria, não se perdia mais os seus conhecimentos – ele ficava guardado através da escrita. Então vieram as imagens das fotografias, já existiam as pinturas, e todas essas foram formas de o ser humano preservar a sua história e, baseado nestas experiências vividas, o ser humano pôde avançar muito mais rápido, porque passou-se a acumular o conhecimento de 500 anos, muitas vezes em um livro”.
A expectativa é de que a preservação da memória e da história de Paranavaí possa continuar sendo construída ao longo dos anos. “Este é um espaço que ainda tem muito para crescer. Acredito que a comunidade ainda tem muito a contribuir para colocar itens neste acerto, acrescentar mais memória e mais história ao nosso Museu. A boa notícia é que a partir de agora nosso Museu tem um lugar próprio, uma casa, e provavelmente daqui ele só sairá para um equipamento maior, para ajudar a preservar a memória dos nossos pioneiros. Minha família é pioneira de Paranavaí e meus pais sempre nos contaram sobre a saga dos pioneiros, construída por muita valentia e coragem. Nossa cidade ainda é jovem e ela é viva, está sempre se transformando, tem muito mais para crescer e muitas memórias ainda para acrescentar a este Museu. Não sabemos como Paranavaí será daqui a cem, ou a mil anos. Mas nós teremos um pedacinho da nossa memória aqui preservada. Por isso a importância de um Museu, de termos a história preservada”, finalizou o prefeito.
Para a diretora do Museu e da Casa da Cultura, Rosi Sanga, a concretização do Museu só foi possível graças à participação da comunidade. “Desde 2007, recém-formada da minha faculdade, começamos a garimpar cada peça que está aqui. Este é um trabalho difícil, mas devo gratidão a cada pioneiro e cada membro da comunidade que nos recebeu em suas casas, seja para fazer as nossas entrevistas, como também para nos contemplar com um pouquinho do seu tesouro. Cada coisinha que tem aqui, que nós no Museu chamamos de acervo, cada uma destas peças pode parecer uma coisa velha, e só velha. Mas se você for bem curioso e se tiver coração para olhar, é possível descobrir que cada peça destas tem memória; e se tem memória tem história, tem sentimento, tem emoção, tem o tempo a que pertenceu. E este tempo tem haver com a nossa história. E hoje, pessoas nascidas aqui na cidade, ou moradores, ou estando de passagem por aqui, vamos saber reconhecer neste espaço os nossos valores. Nosso desejo é que este espaço possa crescer, possa se transformar ainda mais, e que as pessoas sempre tenham nele um lugar de aconchego, de lembranças, de memória. Vamos cuidá-lo. Se ele é o coração da cidade, espaços como este devem, sim, ter vida eterna”, frisou.
Fundado em 2007, o Museu está situado na antiga Estação do Ofício, na Rua Miljutin Cogej, 116, ao lado da Casa da Cultura Carlos Drummond de Andrade. O espaço é administrado pela Fundação Cultural e passou por uma grande reforma para abrigar as mais de 600 peças, que remetem às mais diferentes fases da formação de Paranavaí. Há inclusive objetos dos tempos da Fazenda Brasileira, como Paranavaí era conhecida nas décadas de 1930 e 1940, e um acervo com 2,8 mil fotos. Muitas já foram digitalizadas e devem compor o Memorial Digital do Pioneiro.
Reconhecimento – “A atual administração é a que mais beneficiou o setor da cultura nos últimos, investindo e, melhor que isso, participando dos momentos culturais da nossa cidade, que nessa gestão recebeu o apelido carinhoso de ‘Cidade Poesia’, a partir de 2009. A sonhada Lei Municipal de incentivo à cultura, por exemplo, hoje é uma atividade concreta, dentro, é claro, de nossa atividade orçamentária. No entanto, por quantos anos a classe artística batalhou por isso? Mais de 20 anos. Nenhum gestor anterior teve a audácia e também a coragem de implementar e destinar uma parte do orçamento anual do município para a concessão de recursos para projetos culturais de nossos artistas voltados à comunidade. E eu cito esta Lei porque os recursos para a readequação deste prédio, vieram através da referida Lei, por meio de um projeto aprovado pelo Conselho Municipal de Política Cultura. E este Conselho foi implantado e empossado também nesta administração – agora um Conselho Deliberativo e não mais Consultivo, como era há 10 anos”, destacou o presidente da Fundação Cultura, Amauri Martineli.
Martineli ainda apontou que a nova sede do Museu foi viabilizada graças a uma cessão do Provopar. “Não podemos também esquecer da primeira dama Cristina Lorenzetti, que por nós é conhecida como a madrinha da Cultura paranavaiense. Foi graças ao seu empenho, sua generosidade e sua eterna atenção à nossa causa, sempre nos auxiliando e colocando-se à disposição, por sua bondade e gentileza que hoje temos esta edificação. Quando se encerraram as atividades da estação do ofício, coordenadas pelo Provopar, ela imediatamente cedeu este prédio para a Fundação Cultural, que resolveu transformá-lo na sede do Museu”.
Emocionada, a primeira dama Cristina Lorenzetti enfatizou: “Sou uma entusiasta da Cultura. Acredito que cada pessoa, criança ou adolescente que vai ao nosso Teatro assistir a um concerto, ou a uma peça, tenho certeza de que ela sai de lá mais saudável. Se tivéssemos cultura mais presente no nosso dia-a-dia, na nossa vida, acredito que nós adoeceríamos menos, porque precisamos cuidar dos nossos afetos, do nosso coração, da nossa memória, da nossa família, da nossa cidade, dos valores artísticos que tem aqui. Essa é minha convicção. Este espaço começou sendo dedicado a oferecer oficinas e cursos para a comunidade, mas em algum momento, por vários fatores, decidimos concentrar nossas atividades no espaço onde está instalado hoje o Provopar. A partir daí, considerei que este local deveria ser, por mérito, por necessidade, destinado à Fundação Cultural. Desde então este espaço passou por uma bela reforma e vem sendo conduzido com muito carinho e dedicação. E é assim que espero que ele seja mantido pelas próximas pessoas que forem gerir este espaço a partir de janeiro de 2017. Fica aqui a nossa modesta contribuição, e esperamos que este espaço e todo seu acervo, sirva para fazer bem às pessoas”.
Com a reinauguração, o museu vai retomar as exposições que contam a história da cidade. Nesse trabalho a equipe liderada pela coordenadora do Museu, Rosi Sanga, aborda a trajetória dos índios na região, derrubada da mata, fase econômica do café e outros ciclos. Uma das paredes do museu já está abrigando quadros que ajudam a contar a história de Paranavaí através das pinturas da artista Cecília Tortorelli.
O museu vai funcionar de segunda à sexta das 8h às 17h, mas com possibilidade de abertura em outros dias e horários. Para mais informações, basta ligar para (44) 3422-5018.
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Fonte: Secom/Paranavaí