Por que seu filho vê mais posts tóxicos no Instagram?

Amiga, a gente sabe como pode ser complicado crescer com redes sociais por perto. Ficar rolando o feed do Instagram é tão automático que às vezes nem percebemos como aquilo vai mexendo com nossa cabeça, principalmente quando o assunto é corpo e aparência. Eu mesma já senti isso na pele — é aquele sentimento chato de comparação que parece que só a gente entende, sabe?
Pois nessa onda de pesquisar o impacto dessas redes, saiu um estudo interno da Meta mostrando que adolescentes que já não estão satisfeitas com o próprio corpo acabam vêem ainda mais conteúdos sobre dietas extremas, distúrbios alimentares e aquele padrão de “corpo perfeito” que ninguém alcança. O Instagram, sem querer, acaba empurrando esse tipo de postagem ainda mais pra cima desse grupo. E não é pouca coisa não — é cerca de três vezes mais frequente que o normal.
Quando a gente pensa que na adolescência tudo já parece confuso dentro da cabeça, ainda tem esse bombardeio de imagens e frases que só fazem a gente se enxergar ainda menor. Tenho uma sobrinha adolescente e fico sempre de olho, preocupada mesmo com o que ela consome nas redes. Aqui em casa, conversar sobre autoestima virou algo comum justamente por conta dessas coisas.
O que esse estudo apontou
Durante um ano letivo, os pesquisadores falaram com mais de mil adolescentes. Eles queriam saber como os jovens se sentiam ao se olharem depois de passar um tempo no Instagram. Depois, ficaram de olho no que aparecia no feed deles por três meses — um trabalho de formiguinha, mas bem importante.
Entre aqueles que diziam se sentir mal com o próprio corpo, cerca de 10% das postagens vistas tinham a ver com distúrbios alimentares ou insatisfação com a aparência. Já para os outros adolescentes, esse tipo de conteúdo era só uns 3% do que aparecia. É uma diferença gigante, né?
Outra coisa que eles notaram: adolescentes mais afetadas acabam topando também com temas considerados adultos demais para a faixa etária, como sofrimento emocional, brigas, comportamento de risco e até conteúdos violentos. No grupo que já estava mais vulnerável, 27% das publicações vinham com esse tipo de gatilho. Para o restante, era menos da metade disso.
Por que tanto conteúdo pesado passa despercebido
Agora, segura essa: apesar de todo mundo saber dos perigos desses conteúdos, o sistema do Instagram não é lá muito bom em filtrar o que não deveria aparecer para menores. Os próprios pesquisadores descobriram que quase tudo que deveria ser barrado pela ferramenta automática acaba escapando — 98,5% desse material segue pelo feed como se nada tivesse acontecido. Eu, sinceramente, não me surpreendo. Sempre vejo coisas passando batido, principalmente quando os algoritmos não “entendem” o contexto.
Mesmo assim, o estudo deixou claro: ele não está dizendo que o Instagram causa, por si só, a insatisfação corporal. Pode ser o contrário também — talvez adolescentes que já estão mais vulneráveis busquem ou sintam atração por esse tipo de conteúdo. Vai saber. É aquela história do ovo e da galinha…
O grave é que, além desse empurrãozinho dos algoritmos, o tipo de conteúdo sensível varia bastante: imagens de mulheres magérrimas em roupa íntima, vídeos de confusão, frases do tipo “como eu poderia me comparar?” e desenhos bem tristes que mexem com a cabeça de qualquer um.
A Meta reage dizendo que está preocupada, garante que vem tentando tornar a plataforma mais “segura” para adolescentes e que teria conseguido reduzir pela metade, desde julho, a quantidade de posts sensíveis para esse grupo. Mas a impressão é que, na prática, ainda escapa muita coisa.
Aqui entre nós, a rede vira facilmente um espelho distorcido. Ficar atenta, conversar abertamente com as meninas da família e até ajustar os filtros e bloqueios ajudam — mas não fazem milagre. Quem é mãe, tia, irmã ou até amiga mais velha sabe que somos todas meio fiscais de feed, de tanto que nos preocupamos. Porque autoestima, já viu, é coisa que leva uma vida pra construir — e pode se abalar em poucos cliques.
