O que faz tanta gente não resistir aos reality shows?

Você já reparou como é difícil passar ilesa por uma temporada de reality show? Não importa muito se o programa é sobre culinária, convivência, sobrevivência ou competição pra valer — de algum jeito, a gente acaba se pegando envolvida. Eu mesma já perdi as contas de quantas vezes fiquei torcendo pra alguém que nem conheço, só porque cismei que era gente boa. No fundo, assistir à vida dessas pessoas diante das câmeras fascina porque mexe com nossas emoções, julgamentos e até as ideias que a gente tem sobre si mesma. E olha, tem hora que parece que damos uma espiadinha não só na vida do outro, mas também na nossa.

Aqui em casa, reality show sempre vira assunto: é aquela alegria, uma pitada de indignação e, não raro, rola comparações do tipo “será que eu faria igual?”. Isso porque, além de entreter, esses programas acabam revelando muito sobre como as pessoas funcionam em grupo, no limite ou sob pressão.

E você já deve ter notado: basta começar uma temporada que todo mundo já escolhe seu favorito, discute as confusões e julga os barracos como se estivesse mesmo lá dentro da casa. O reality faz esse papel de espelho, mostrando um pouco de todo mundo, até das coisas que a gente nem sempre gostaria de ver.

Vamos conversar sobre por que é tão difícil resistir a essa telinha cheia de emoção.

A natureza humana e a curiosidade social

Desde sempre, o povo gosta de uma boa história real. Tem gente que acha fofo, tem quem julgue, mas no fundo todo mundo é curioso quando o assunto é comportamento do outro. Isso é tão nossa cara que até a ciência explica: nossos cérebros estão preparados pra tentar entender o que passa na cabeça alheia.

Já ouviu falar nos neurônios-espelho? São células que deixam a gente sentir quase como se fosse participante do programa. Então, quando alguém fica feliz, a gente vibra junto. Quando dói, dá aquele apertinho também. Por isso reality vicía tanto: mexe com a gente num nível mais profundo do que parece.

Por que os reality shows grudam a gente na telinha?

Os realitys são feitos pra provocar tudo quanto é tipo de emoção: de raiva a compaixão, passando por suspense e aquele climão de reviravolta. Os participantes se metem em situações que jamais toparíamos na vida real, e a gente só assiste meio chocada, meio morrendo de curiosidade. O cérebro adora esse tipo de experiência — tanto é que reage como se estivéssemos lá dentro sentindo tudo.

Além disso, o jogo de edição, a trilha sonora, o jeito como apresentam cada pessoa… tudo conspira pra gente escolher lado, criar teorias, se apegar. No fim das contas, a gente embarca como se fosse novela, só que de verdade.

O que faz esse tipo de programa prender tanta gente?

Olha, não existe só um motivo, não. Cada pessoa se envolve de um jeito, mas tem alguns fatores que se repetem:

– A gente se reconhece em certos participantes, ou pelo menos imagina que poderia passar por aquilo.
– Fica fácil comparar: “Nossa, eu não teria coragem de agir assim”.
– Muitas vezes a gente vive, de tabela, situações que nunca precisou encarar; serve como experiência sem precisar pagar o preço real.
– As torcidas e os comentários criam aquela sensação de pertencimento, tipo assistir jogo de futebol com as amigas.
– E tem dias que o reality ajuda a esquecer da rotina e desligar dos problemas da vida real.

No fim, esses programas são mesmo um retrato da sociedade, não tem como negar. Eles mostram nossos desejos, inseguranças, fraquezas e até nossas virtudes.

O papel das emoções (e da tal dopamina)

Sabe aquela sensação gostosa de ver alguém superar um desafio, ganhar uma prova, ou mesmo criar uma treta épica? O cérebro adora esse tipo de estímulo e até libera dopamina, que é o neurotransmissor responsável pelo prazer. Dizem que é parecido com vencer um jogo ou ouvir uma boa notícia.

No sofá, estamos seguras pra sentir tudo: empatia, raiva, orgulho, vergonha alheia… E quer saber? Muitas vezes esse turbilhão de sentimentos até alivia. Meio doido, mas funciona.

Identificação e projeção: porque nos vemos ali

O que mais deixa a gente conectada é o fato de que a maioria dos participantes é, no fundo, gente como a gente. Tem quem ria fácil, quem chore, quem se irrite à toa, quem faz piada fora de hora… E quando vemos essas cenas, muitas vezes reconhecemos nosso próprio jeito ou de alguém da família.

A gente começa a imaginar como reagiria no lugar deles. Eu já me peguei pensando: “Nossa, nessa briga eu já estaria chorando”, ou “aqui em casa isso viraria uma semana de silêncio”. É inevitável! Nos faz pensar sobre nós mesmas e, de quebra, às vezes até entender melhor os outros.

Reality show mexe com o nosso olhar sobre a realidade?

É claro que, mesmo sendo sobre fatos reais, a gente precisa lembrar que reality show tem muita edição e roteiro. Isso tudo serve pra criar mais emoção e reviravolta. Resultado? Às vezes a gente acaba acreditando que tudo aquilo é natural, quando na verdade foi bem calculado pra segurar a audiência.

Assistir demais até pode trazer aquela sensação de comparação e insuficiência, aquela coisa de “nossa, minha vida nunca vai ser tão interessante”. Mas, assistindo com leveza e sem exagero, também dá pra tirar lições e reflexões sobre comportamento, sinceridade e convivência — tudo depende do jeito que cada uma encara.

Vicia mesmo? O que diz a ciência

Pesquisadores austríacos descobriram que o prazer dos realitys vem justamente desse combo de emoções com recompensa. Quanto mais intensa a emoção, mais difícil desligar da TV ou do celular.

E olha que curioso: tem até gente que compara esse hábito com a vontade de ficar nas redes sociais ou jogando videogame, porque a cabeça responde de uma maneira parecida.

Jeitos de fã que só quem ama reality entende

Quem acompanha reality show de perto sabe: alguns fãs levam a experiência bem a sério. Não é estranho se pegar ficando emocionada com uma eliminação, chorando sozinha na sala ou se sentindo traída porque aquele participante em quem você apostou mudou de lado.

O pessoal das torcidas se une em grupos, fóruns, faz campanha, organiza mutirão de votos. Se você já entrou em alguma discussão de grupo de WhatsApp por causa disso, sabe bem o que é!

Curiosamente, assistir em grupo ou comentar enquanto o programa passa aumenta ainda mais a sensação de fazer parte de um time, como se todo mundo estivesse vivendo aquela aventura junto, mesmo de longe.

No fim das contas, reality é isso: emoção coletiva, torcida, identificação — tudo embalado em capítulos diários que provocam conversar acaloradas e muitos risos. Porque, convenhamos, é divertido demais se envolver, se surpreender e até reclamar junto nessas maratonas de vida alheia.

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