Trabalhar em apps cansa mais e paga menos, revela IBGE

Já reparou como, ultimamente, parece que a gente pede carro por aplicativo ou faz uma compra e, rapidinho, alguém aparece entregando na nossa porta? Pois é, cada vez mais gente está trabalhando nesses apps e, vou te contar, a rotina não é nada leve.

O número de pessoas que vivem de aplicativos cresceu muito no Brasil. Em dois anos, são mais de 335 mil novas pessoas nessas plataformas. Agora já são 1,7 milhão de trabalhadores, segundo o último levantamento do IBGE. Imagina só: esse pessoal daria quase para encher Recife ou Porto Alegre inteiras. É muita gente, mesmo.

A maioria trabalha levando passageiros de um lado para o outro ou fazendo entregas. Dá para entender, né? Flexibilidade no horário parece tentadora, mas a realidade é que não é tão simples assim.

E aquele papo de “seja seu próprio chefe” nem sempre se traduz no que a gente imagina. Quem nunca conheceu alguém que se jogou nos apps achando que era só liberdade, mas, na prática, virou uma maratona diária, cheia de incertezas?

Jornadas de trabalho são mais longas

Olha, os trabalhadores de aplicativo chegam a encarar quase 45 horas por semana — cinco horas e meia a mais do que quem tem outro tipo de emprego. No papel, pode até parecer igual, mas pensa aí: é como se cada semana tivesse um turno extra sem folga.

O salário médio até parece um pouco melhor: quase três mil reais por mês, contra um pouco menos disso para quem não trabalha nos apps. Só que aí vem o detalhe: para conseguir esse valor, a pessoa precisa trabalhar mais tempo, e no fim das contas, o que recebe por hora é menor.

Aqui em casa mesmo, já aconteceu da minha irmã começar a rodar à noite para complementar a renda e, quando viu, estava ainda mais cansada que no antigo emprego fixo. Você já deve ter ouvido alguém falar: “Eu faço meu horário, mas se não trabalhar muito, não compensa”. É aquela coisa, liberdade às vezes é meio ilusória.

A maioria dos motoristas e entregadores é homem, mais de 80%. Mas já vi muita mulher entrando nessa também — especialmente para pegar horários mais seguros ou fugir do transporte público superlotado.

Quem manda, afinal?

Uma das promessas desse tipo de trabalho é a tal flexibilidade. Só que, quando a gente vai ver de perto, os aplicativos é que decidem muita coisa. O próprio IBGE revelou: quase todos os motoristas dizem que nem escolhem o preço das corridas, quem manda nisso é o app. Fora que o aplicativo ainda decide qual cliente você vai atender e até quanto tempo tem para entregar.

Muita gente sente que está sempre sendo avaliada, e com medo de levar bloqueio ou punição. Mais da metade dos trabalhadores já mudou o ritmo por causa dos incentivos e promoções criados pelos apps, e tem mais: mais de 30% relatam que já se sentiram ameaçados de punição se não seguissem as regras ou metas.

E tem a questão da previdência — só uma minoria contribui de verdade. A maioria fica no modelo informal, que dá aquela sensação de independência, mas lá no fundo é bastante arriscado. Ninguém pensa em ficar doente, mas se acontecer, cadê o suporte? Aqui a preocupação cresce, porque todo mundo tem boleto, né?

A vida dos trabalhadores de aplicativo tem seus atrativos, claro, mas também muita correria e insegurança. Então, da próxima vez que entrar num Uber ou receber sua compra das mãos de um entregador, vale lembrar que tem uma história de luta por trás. E, se você já pensou em tentar esse caminho, o bom é ir sabendo do que realmente te espera.

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