O reality show Big Brother Brasil terá sua 17ª edição a partir de janeiro, novamente com apresentação de Tiago Leifert. O BBB 20 será o primeiro em que a TV Globo vai misturar pessoas desconhecidas com participantes famosos (youtubers e influencers digitais). O programa, no entanto, é uma franquia que existe em paralelo em 50 países, segundo a Endemol, produtora responsável pelo reality. Apesar da maior parte das versões serem parecidas (pessoas fechadas em uma casa vigiada por câmeras e sistemas de áudio), há algumas diferenças relacionadas com a cultura de cada lugar.
Da mesma forma, se é um sucesso em países como Estados Unidos, Itália, Canadá e Brasil, o Big Brother desapareceu rapidamente em outros lugares por causa de suas controvérsias.
O Big Brother original é holandês, criação do bilionário da mídia John de Mol, em 1999. Ele contou em diversas entrevistas que inventou o formato baseado em um ambiente de experimentação que existia nos anos 1990 e no reality show Real World, transmitido pela MTV estadunidense. A primeira edição tornou o seu vencedor, Bart Spring, em uma celebridade nacional, muito por conta das cenas de sexo que proporcionou aos telespectadores com sua companheira dentro da casa, Sabine. Curiosamente, Spring se queixa hoje que o programa “arruinou sua vida”.
Na Índia, o “Big Brother” foi trocado para “Big Boss” (Grande Chefe), por causa da conotação pejorativa do nome original. Além disso, o apresentador da versão indiana, o ator Salman Khan, ficou famoso por fazer críticas aos participantes e aos espectadores do reality durante as edições.
Mas foi na Austrália, em 2006, que aconteceu uma das maiores polêmicas da franquia mundial: na edição daquele ano, a justiça local interviu na transmissão depois que o pênis de um dos participantes apareceu diante dos espectadores. Na mesma época, outra denúncia envolveu um assédio sexual dentro da casa, fazendo com que o primeiro-ministro australiano à época pedisse a interrupção do programa — o que não aconteceu.
Isso só ocorreu duas vezes: na Alemanha, na sexta edição, uma conversa sobre os rumos da Europa entre os participantes gerou tanto ruído externo que os produtores decidiram cancelar o programa antes do final. Antes, em 2004, na Arábia Saudita, US$ 20 milhões foram investidos com a ideia de levar a franquia para o Oriente Médio, mas tudo acabou após nove dias de programa, quando os espectadores se queixaram da divisão feita dentro da casa: quartos só para homens e outros só para mulheres.
Entre as diferenças, a que mais se destaca é o BBB britânico, o único do mundo em que os participantes são celebridades (ou “subcelebridades”). As edições geralmente trazem pessoas conhecidas apenas no país, mas há casos especiais, como quando o ex-boxeador estadunidense Evander Holyfield foi convidado. Ele foi eliminado da competição depois de proferir xingamentos homofóbicos a outro participante.
Na África do Sul o Big Brother é um programa continental, cujos participantes são selecionados das nações africanas. Em uma edição, havia 35 “brothers” de 14 países diferentes, por exemplo.
O “pote de ouro” de John de Mol, porém, fica na Itália, onde o “Grande Fratello” registra os índices de audiência mais altos de todas as franquias espalhadas pelo globo. “O reality italiano não tem nada de diferente dos outros: ele só conseguiu capturar o gosto das pessoas”, escreve o jornalista canadense John McNald.