Neste final de semana Umuarama ganhou um colorido especial. Não dá para não notar e se encantar com as lindas redes e mantas que estão à venda, estendidas entre as árvores dos canteiros de várias avenidas da cidade. O produto tipicamente nordestino e adotado por muitos brasileiros na hora de relaxar, pode esconder sonegação de impostos e trabalho clandestino.
Além de não recolher impostos, os trabalhadores podem estar sendo submetidos a condições degradantes de trabalho, sem garantias ou direitos. No sábado pela manhã a equipe de reportagem de OBemdito conversou com alguns ambulantes. A maioria não tem medo de falar.
“Não podemos falar com a imprensa, o patrão não gosta. Se não a fiscalização vem em cima e daí temos que ir para outra cidade”, disse um dos ambulantes de aproximadamente 40 anos que vendia redes em um canteiro da cidade. Ele trabalha no ramo há mais de 10 anos.
“Já estou acostumado. Ficamos dois, três meses longe da família. Mas não tem emprego lá, não tem outro jeito”, lamentou.
Segundo outro ambulante, o grupo vem do Nordeste de avião até Porto Alegre. “De lá pegamos o ônibus e vamos subindo, vendendo redes de cidade em cidade”, disse.
Todos os ambulantes entrevistados afirmam não ter carteira assinada e nenhum tipo de garantia de serviço. “Ganhamos um fixo e mais comissão por rede vendida. Dá para pagar as despesas e manter a família lá na Paraíba. A coisa está muito difícil, o jeito é se conformar”, disse outro trabalhador.
O preço dos produtos varia de acordo com a “cara” do freguês. A mesma rede pode custar entre R$ 200 e R$ 80, dependendo da capacidade de negociação. “Temos um valor mínimo que podemos chegar, pois todo o nosso lucro vem daí”, comentou o ambulante.
Eles tem uma cota de vendas a cumprir e todas as despesas correm por conta dos trabalhadores. “Tudo desconta: é passagem, alimentação, hotel… tem que vender muito para sobrar alguma coisa. Daí fica difícil ir visitar a família e a gente acaba ficando por aqui mais tempo do que queria”, lamentou.
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Fonte: obemdito